ANDES-SN DEBATE REFORMA ADMINISTRATIVA E CUMPRIMENTO DO ACORDO DE GREVE EM BRASÍLIA

O Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) do ANDES-SN está reunido, nos dias 29 e 30 de agosto, na sede da FENAJUFE, em Brasília, para discutir os principais desafios enfrentados pela categoria docente. A ADUFSJ está representada pelos professores da Diretoria Wilson Camilo Chaves e Denise Carneiro dos Reis Bernardo.

Confira os aspectos tratados, na pauta e falas dos presentes, no primeiro dia de discussões:

Reforma Administrativa: ameaça à democracia e aos serviços públicos

A avaliação dos participantes foi de que a proposta de Reforma Administrativa representa um “golpe contra a democracia”, colocando em risco a estabilidade, as carreiras, as aposentadorias e os próprios serviços públicos.

As entidades defenderam uma mobilização nacional unificada envolvendo servidores federais, estaduais, municipais e distritais, além de técnicos administrativos e estudantes. Também foi destacada a necessidade de cartilhas explicativas em formato de perguntas e respostas para esclarecer a categoria e a sociedade sobre pontos sensíveis como estabilidade, férias, regime jurídico e carreira docente.

Um dos encaminhamentos foi a construção de uma jornada nacional de lutas, articulada junto ao FONASEFE e demais entidades, com campanha pública de denúncia do caráter antidemocrático da reforma, considerada um ataque direto à soberania popular.

Cumprimento do acordo de greve: pendências e impasses

O Acordo nº 10/2024 segue com pontos pendentes. Entre os principais, estão:

        reenquadramento de aposentados;

        substituição da Portaria nº 750, que atualmente regula de forma transitória a atuação docente no EBTT;

        regulamentação do Decreto nº 1.590/1995, alterado pelo Decreto nº 12.093/2024.

Segundo o MEC, a nova portaria deve ser publicada em outubro, enquanto o decreto encontra-se travado na Casa Civil sob responsabilidade do ministro Rui Costa.

As entidades também criticaram a pauta apresentada pelo governo na Mesa Setorial de 29 de julho, considerada “enrolatória”. Outro ponto de preocupação é a questão orçamentária, já que a LDO de 2026 prevê apenas 4% de aumento das despesas, abaixo da inflação projetada (4,5%). Há ainda risco de judicialização caso os reajustes não sejam assegurados na LOA 2026.

Mobilizações e lutas

Entre as mobilizações, foi destacada a organização do Dia Nacional em Defesa da UEMG, em Belo Horizonte, em 10 de setembro. O evento contará com um seminário sobre autonomia universitária pela manhã e um ato público na Assembleia Legislativa de Minas Gerais à tarde, convocado pela deputada Beatriz Cerqueira.

As entidades defenderam a realização de um plebiscito popular para politizar a sociedade sobre os impactos da Reforma Administrativa e a participação ativa de técnicos e estudantes nas ações. Também houve críticas ao governo de Romeu Zema, acusado de alinhar-se aos interesses de mineradoras e transformar Minas em um “laboratório de destruição da sociedade capitalista”.

Questões jurídicas e administrativas

A Instrução Normativa 71, que condiciona o pagamento do auxílio-transporte ao registro de presencialidade, foi considerada ilegal por ferir a autonomia universitária e reintroduzir controle de ponto de forma indireta. As entidades encaminharam provocar o MEC administrativamente e estruturar ações coletivas.

Outros pontos jurídicos destacados:

        Piso Nacional do Magistério (EBTT): direito já reconhecido judicialmente desde 2011, com defasagem salarial identificada desde 2022;

        Auxílio-transporte: denúncias de cortes e restrições ilegais, especialmente em campi do interior, prejudicando docentes após 18h.

Soberania nacional e política internacional

As discussões também abordaram a entrega de riquezas nacionais, com destaque para o avanço da mineração de lítio e terras raras em Minas Gerais. Os participantes defenderam que a soberania popular deve estar vinculada à garantia de empregos, serviços públicos e proteção ambiental.

No cenário internacional, foi ressaltado o papel do Brasil no BRICS como contraponto aos EUA, mas também as contradições internas entre o discurso de soberania externa e as políticas de privatização.

Outras questões relevantes

        Assédio e racismo: relatos de discriminação em universidades, incluindo casos de professores barrados em campi.

        Falta de técnicos administrativos: sobrecarga sobre docentes e aumento da precarização.

        Restaurantes universitários: apoio às campanhas estudantis pela ampliação dos RUs, sobretudo em campi do interior.

        Aposentadoria: preocupação com novas regras que ampliam idade e tempo de contribuição, podendo impedir trabalhadores de se aposentar.

        Saúde docente: denúncias de adoecimento pela sobrecarga e individualização do trabalho acadêmico, com defesa do fortalecimento da luta coletiva como forma de promoção da saúde.

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