CHARGE ABORDA TRABALHO REMOTO E O ADOECIMENTO FÍSICO E MENTAL DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Em 2020, o INSS registrou alta de 26% na concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez

A última charge feita pelo ilustrador e ativista político, Carlos Latuff, para a ADUFSJ - Seção Sindical e para o Sinds-UFSJ propõe uma reflexão sobre o cansaço e o adoecimento físico e mental de professores e técnicos-administrativos da UFSJ durante o trabalho remoto. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a adoção do home office ou trabalho remoto, durante a pandemia da Covid-19, aumentou no mínimo em 10% a carga horária dos trabalhadores. 

A experiência que temos com o trabalho remoto até então mostra que os trabalhadores tendem a extrapolar seu horário de serviço quando estão atuando em casa. Muitas vezes, estar presente fisicamente em casa, mas não poder atender às necessidades das nossas famílias, em um período tão difícil, causa sofrimento e adoecimento. Além disso, as mulheres são as mais afetadas pela pandemia e as que mais sofrem com o trabalho remoto, muitas vezes tendo que conciliá-lo com o cuidado da casa e dos filhos. 

A adoção do trabalho remoto não pode ser descontextualizada do cenário vivido no Brasil, rodeado de incertezas e inseguranças ligadas tanto à crise financeira quanto sanitária. Em 2020, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registrou alta de 26% na concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez na comparação com o ano anterior. As ocorrências mais comuns estão ligadas ao adoecimento mental de trabalhadores e tratam de doenças como ansiedade e depressão. 

Uma pesquisa realizada pelo Sinds-UFSJ, ainda em julho do ano passado, cujo objetivo era mapear as condições de trabalho dos servidores e das servidoras durante a pandemia, já apontava que 60% dos entrevistados apresentavam sintomas de ansiedade em níveis mais elevados e 32% se viam mais irritados que no período anterior. 

Quando se trata dos efeitos negativos do trabalho remoto na saúde física e mental de trabalhadores, muito se fala na necessidade dos profissionais de organizarem um espaço próprio em sua residência para realização das atividades de trabalho, além da organização de uma rotina que demarque o horário de trabalho e o de descanso. 

No entanto, para além disso, é importante lembrar que cabe ao empregador a garantia de que os trabalhadores e as trabalhadoras tenham um ambiente de trabalho saudável, seja ele presencial ou remoto. A disponibilização dos aparelhos necessários para realização do trabalho remoto, assim como a não realização de cobranças indevidas e de contatos fora do horário de trabalho são formas de minimizar o  estresse de trabalhadores e o adoecimento físico e mental dos mesmos. No caso da UFSJ, os sindicatos defendem que os servidores é que estão arcando com todos os custos do trabalho remoto.

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