MEMÓRIA ADUFSJ - SÉRGIO SERQUEIRA LUTOU CONTRA A IMPLANTAÇÃO DO NEOLIBERALISMO DOS GOVERNOS COLLOR E FHC

Nos 33 anos da Seção Sindical, seus ex-presidentes contam suas memórias e falam das perspectivas de luta

Ex-reitor da UFSJ, o professor Sérgio Augusto Araújo da Gama Cerqueira foi presidente da ADUFSJ - Seção Sindical em dois períodos distintos: de 1993 a 1994, quando a saída de diretores acabou fazendo com que ele, membro do CRADS, assumisse a presidência, e depois de 1999 a 2001. 

Períodos estes em que o neoliberalismo se implantava no país e que, especialmente na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, resultava na diminuição do Estado, com privatizações e redução do serviço público. 

Confira as lutas que enfrentou no período de implantação do neoliberalismo no país: 

1 - Qual a importância da ADUFSJ – Seção Sindical para a UFSJ e para as populações da região na qual a universidade está inserida? 

O crescimento da instituição deu a ela um papel importante nos contextos das quatro regiões em que atua, mas certamente o maior impacto foi na região da cidade de São João del-Rei, onde é a mais importante atividade econômica. A ADUFSJ representante hoje de cerca de 900 docentes, tem papel fundamental na organização dos movimentos sindicais, ainda mais quando estes estão enfraquecidos pela desindustrialização e pelas políticas de ataque aos trabalhadores. Mais que isso, creio que atuação sindical deve demandar da instituição a busca da interação com as comunidades, incentivando a extensão universitária, alertando e denunciando quando esta atuação adquira caráter paternalista ou se preste a projeto político individual. 

2 – Qual foi a principal luta encampada pela ADUFSJ sob a sua presidência? 

Os governos Collor e FHC tiveram forte viés neoliberal. Foi o período das grandes privatizações, com a venda a preços vis do patrimônio público e o ataque incessante ao público. Era constante na mídia a presença do ministro da Educação pregando a dicotomia entre os investimentos públicos no ensino fundamental e superior, propagandeando a impossibilidade da melhoria de um sem o sacrifício de outro.  Algo muito parecido com o que vivemos hoje. 

Nossas lutas então se centravam na defesa do público, em especial da universidade pública. Foi um período em que as greves eram necessárias rotinas bienais, sem as quais não teríamos nem mesmo a reposição das perdas inflacionárias em nossos vencimentos. Lembro-me que, quando assumi pela segunda vez a presidência, discutia-se na instituição a regulamentação da GED, gratificação concedida pelo governo para dar fim à longa greve de 1998, mas possível semente de um fracionamento da categoria. Ganhava a GED quem conseguisse pontuar em uma tabela que priorizava as aulas de graduação – garantir a extensão desta gratificação a todos os professores foi parte de nossa luta local. Lutamos também para evitar a partidarização da universidade, evitando, por exemplo, que se nomeasse prédio público com o nome de viúva ainda então viva.

3 – Qual deve ser hoje a pauta prioritária a mobilizar a Seção Sindical?

Na década de 90 a defesa da universidade pública se baseava na sua importância naquele momento, mas muito mais fortemente pela crença em um papel maior que poderia desempenhar. As políticas de acesso implementadas na primeira década deste século, incluindo a expansão e a interiorização, mas certamente as cotas sociais e raciais, consolidaram a universidade pública como agente transformador da realidade nacional. Defender a universidade pública deve ser ainda hoje o cerne da atuação de um sindicato docente, tendo como parte desta luta a defesa dos interesses específicos da categoria, como vencimentos, carreira, liberdade de cátedra.

 

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