LIVE REFORÇA IMPORTÂNCIA DE PAULO FREIRE À FORMAÇÃO POLÍTICA ATUAL

A ADUFSJ – Seção Sindical realizou, na última terça (21), mais uma ação em homenagem aos 100 anos de nascimento do patrono da Educação Brasileira. A live “Paulo Freire e Formação Política” teve a intenção de destacar a importância do legado do educador à formação política na atualidade.

 

A transmissão ao vivo contou com a participação do educador popular Márcio Cruz e foi mediada pela professora do Departamento de Educação da UFSJ Mônica de Ávila Todaro. Márcio é mestre em Ciências Sociais e um dos fundadores do Fórum de Educação Popular, enquanto Mônica faz parte da atual diretoria da ADUFSJ e é membro da Cátedra Paulo Freire (coordenada pela professora Bruna Sola).

 

Na primeira parte do evento virtual, Márcio apresentou uma trajetória de Paulo Freire desde os anos de 1960, quando o educador e filósofo realizou uma experiência pioneira de alfabetização de adultos.

 

"No início dos anos 60, analfabeto não votava. Era uma condição para ser eleitor estar alfabetizado. E naquele período da história, nós tínhamos milhões de brasileiros e brasileiras em situação de analfabetismo ou não alfabetizados", citou Márcio.

 

Nesse sentido, Marcio afirmou que o Programa Nacional de Alfabetização, mediante o uso do sistema Paulo Freire, tinha o desafio de colocar esses cidadãos como sujeitos políticos no processo de escolha democrática dos governantes, ainda antes da ditadura militar.

 

"O método de alfabetização de Paulo Freire se mistura com uma perspectiva política, com a sua relação com o mundo, porque ele trabalha as palavras que estão vinculadas ao vocabulário das pessoas que vendem a sua força de trabalho pra viver", enfatizou.

 

A comunicação na educação emancipatória de Freire

 

Na live, o público teve a oportunidade de interagir e enviar perguntas ao convidado. Perguntado sobre o papel da comunicação no projeto de educação emancipatória de Paulo Freire, Márcio respondeu que, na visão do educador, é enfatizada a comunicação interpessoal.

 

"O principal fenômeno da perspectiva freireana à comunicação é a escuta. Tínhamos que ter curso de 'escutatória', e não de oratória. Através do diálogo, a gente consegue colocar a nossa escuta a serviço do outro e de compreender a nossa incapacidade de dar conta de tudo", disse.

 

Ele ainda complementou que "precisamos nos colocar como pessoas que escutam os saberes que estão diante de nós, mas não só os saberes, as dores e inquietudes".

 

Márcio também comentou sobre a comunicação com pessoas autoritárias e negacionistas.

 

Quanto ao primeiro grupo, das pessoas autoritárias, ele defendeu que não há diálogo. Essa posição de autoridade pode ser atribuída por alguma norma - por exemplo, quanto aos postos públicos e acadêmicos - ou concedida pelas relações.

 

Já sobre o negacionismo, o educador popular afirmou que "a gente pode estabelecer vínculos de diálogo". "A gente combate juízos com fatos.", cravou Márcio citando o autor chileno Rafael Echeverria.

 

A amorosidade de Freire

 

O tom amoroso marcante nas obras de Freire também foi debatido durante o encontro virtual. "É justamente porque a gente ama as pessoas que a gente luta.", refletiu Mônica, que completou que "a gente ama tanto, que a gente segue lutando".

 

"Se alguma coisa (nessa perspectiva freireana) nos ensinou é que amar é revolucionário", certificou Márcio.

 

ADUFSJ é uma seção sindical de luta

 

Ainda durante a live, Mônica também traçou um histórico da seção sindical e pontuou que a atual diretoria da ADUFSJ já realizou uma série de atividades ligadas à luta.

 

"Em poucos dias de mandato, em nossas ações, já gritamos 'Fora Bolsonaro!' no Grito dos Excluídos; lançamos uma galeria virtual, com charges políticas do artista Carlos Latuff; lançamos uma live sobre o papel da comunicação e da arte na resistência; e um experimento audiovisual em comemoração do centenário de nascimento de Paulo Freire", elencou.

 

A docente indicou que “a ADUFSJ é, enfim, uma seção sindical de luta, com especial compromisso com a diversidade”.

 

“Uma diversidade atravessada pela interseccionalidade, que perpassa as categorias etárias, de gênero, raça e classe, e busca diálogo com as pessoas oprimidas”, completou.

 

Serviço

 

Quem quiser conferir, ou reassistir, como foi o debate, pode acessar o Facebook ou o YouTube da ADUFSJ.

 

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