TOMA POSSE A NOVA DIRETORIA QUE CONDUZIRÁ A ADUFSJ NOS PRÓXIMOS 2 ANOS

A cerimônia virtual foi marcada por discursos emocionados e cheios de disposição para a luta

Foi em meio a discursos emocionados e cheios de disposição para a luta que a chapa Luta e Diversidade tomou posse à frente da diretoria da ADUFSJ – Seção Sindical, na última sexta (27), às 10 horas, durante assembleia virtual de docentes da UFSJ. Na cerimônia, os novos membros do Conselho de Representantes da ADUFSJ (CRAD) também assumiram seus mandatos.

Membro da Junta que conduziu o processo eleitoral, a professora Bruna Sola lembrou os ensinamentos do mestre Paulo Freire sobre a necessidade de se reinventar a luta para destacar a maior qualidade da gestão que encerrava seu mandato: a capacidade de reinventar a luta em meio a maior crise sanitária, política, econômica e social da história recente do país. 

Bruna também saudou a nova diretoria que acabara de tomar posse. “E se todo fim é recomeço, seguimos adiante escrevendo a história e a nós mesmos com luta e diversidade”, destacou. Ela encerrou desejando que a nova gestão espalhe utopias, citando o poema Canção Óbvia, do mesmo mestre Paulo Freire: “Esperarei por ti como o jardineiro que prepara o jardim para a rosa que se abrirá na primavera”.

 

Após a posse nominal, os integrantes da nova diretoria da ADUFSJ e do CRAD compartilharam algumas questões e expectativas.

A professora Maria Jaqueline de Grammont (DECED), reconduzida para mais um mandato na Presidência da seção sindical, frisou a animação e disposição para a nova gestão. "Estou muito feliz com esta nova gestão, de muita diversidade. Nós ainda temos muito o que construir na unidade sindical. Estou muito animada e descansando um pouquinho para poder voltar com toda força à luta, resistência e construção de dias melhores", garantiu.

A nova vice-presidenta do sindicato, Carolina Ribeiro Xavier (DECOMP), relembrou a energia empregada durante a própria formação da chapa, bem como os desafios diante a realidade do ensino remoto durante a pandemia. "A luta para mim não é nova, mas o sindicato é. Vai ser um aprendizado muito grande", pontuou.

Respondendo pelo posto de 1º secretário, Alberto Ferreira da Rocha (DEACE), também conhecido como professor Tibaji, agradeceu a confiança dos sindicalizados e se colocou a disposição à luta. "Não é possível não estar na luta, hoje em dia", defendeu. Ele também ressaltou a importância de ocupar lugares públicos e políticos: nesta semana, ele foi empossado no Conselho Municipal de Direitos Humanos LGBT de São João del-Rei, representando a UFSJ.

Empossada como 2ª secretária, a docente Fabiola de Oliveira Miranda (DEMAT), por sua vez, parabenizou o mandato anterior e também indicou esperança em avanços futuros a partir do trabalho coletivo.

Mônica de Ávila Todaro (DECED), eleita como 2ª suplente, agradeceu a oportunidade de participar "desse espaço de luta" que, para ela, "é uma experiência nova [...] enquanto artista".

"A minha bandeira sempre será da cor do arco-iris, com um vermelho bem destacado - do meu corpo inteiro e da minha camisa, hoje", completou ela, que também foi eleita, na mesma semana, como integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa em São João del-Rei. 

Agora ex-primeira-secretária e membro empossada do CRAD, a professora Maria Clara Santos avaliou a cerimônia de posse como "uma manhã de celebração". "Uma daquelas manhãs que a gente fica feliz de poder participar, de ver o compromisso dos colegas e essa mobilização da universidade nas lutas, nas representações e nos espaços que a gente, efetivamente, pode fazer a diferença", finalizou

Prestação de contas

Antes da posse, a gestão que se despediu da Seção Sindical apresentou a prestação de contas do período, reforçando que os relatórios completos serão encaminhados para aprovação do conselho de Representantes da ADUFSJ (CRAD) em setembro, conforme prevê o regimento.

Maria Clara Santos esclareceu que a gestão manteve um perfil de gastos bastante conservador, centrado na segurança financeira da Seção Sindical. Segundo ela, a receita girou em torno de R$ 90 mil reais por mês, provenientes das contribuições voluntárias dos docentes, enquanto os gastos fixos alcançaram a média de R$ 40 mil mensais. 

“O perfil de gastos da ADUFSJ é absolutamente superavitário, apesar dos investimentos que fizemos na luta neste período”, afirmou Maria Clara, para quem os recursos economizados poderão ser empregados na construção da nova sede da ADUFSJ, que encontra-se em fase de regularização do imóvel e finalização do projeto arquitetônico. 

Ações políticas e de representação de classe

A presidenta reeleita relembrou as principais ações políticas e de representação de classe que marcaram a gestão. A primeira delas, em 2019, foi a difícil missão de conduzir, ao lado do Sinds-UFSJ e do DCE, a escolha do novo reitor da UFSJ, sob a ameaça da possibilidade de intervenção e judicialização do processo, que teve o desfecho mais favorável possível.

A professora Tatiana Teixeira ressaltou as ações empreendidas pela gestão em favor da luta das mulheres – em especial a campanha Nós, Mulheres, feita em parceria com outros sindicatos e movimentos sociais em 2020 que, mesmo entrecortada pelo isolamento social imposto pela pandemia da covid-19, alcançou excelentes resultados. 

Comunicação e ocupação das redes

O professor Marcos Filho destacou o que chamou de “ocupação das redes”, especialmente no período mais grave da pandemia, quando o isolamento social se impôs como medida de segurança sanitária. Ele lembrou que o canal do Youtube da ADUFSJ tinha, até então, 23 seguidores e hoje ostenta quase 400. “Este crescimento nos acessos foi muito em função das lives que realizamos”, avaliou ele.

A gestão realizou 32 lives temáticas, muitas delas em parceria com outros sindicatos e movimentos sociais, especialmente o Sinds-UFSJ, além das três lives culturais, que garantiram recordes de acesso de até 2,5 mil visualizações individuais em uma mesma produção. “Além de ser um espaço de celebração e reafirmação da luta, estas lives também movimentaram o mundo da cultura em São João del-Rei na pandemia, quando ainda não se tinha nem a Lei Aldir Blanc”, acrescentou.

Solidariedade e acolhimento

Maria Clara destacou o projeto #TamuJuntoADUFSJ, que uniu sindicato e sindicalizados em uma ação solidária que levou comida a quem teve fome durante a pandemia, além de contribuir com o combate à desinformação no primeiro momento da maior crise sanitária da história recente. “Fica na história do sindicato a nossa capacidade de pensar e articular ações rápidas em uma situação de crise como na pandemia da covid-19”, avaliou. 

A professora Márcia Hirata esclareceu porque a gestão não conseguiu cumprir a promessa de campanha de construir a nova sede da ADUFSJ. Segundo ela, as dificuldades enfrentadas para registro do terrenos foram enormes. Ainda hoje, uma série de entraves burocráticos impediram que a medida fosse concretizada. 

Além de comunicar os presentes sobre o problema da utilização ilegal do terreno para descarte de esgoto, a ex-diretora apresentou o projeto arquitetônico da sede, destacando a previsão de um espaço para descanso dos docentes que vêm de fora, espaço adequado para atendimento da secretaria e manutenção do verde existente no terreno.  “A equipe da arquitetura está terminando os ajustes e a próxima gestão já poderá fazer uma reunião gostosa, que é a melhor parte”, afirmou. 

Fora Bolsonaro

Maria Clara também lembrou que foi em uma outra assembleia docente que a categoria aprovou a participação do sindicato no movimento Fora Bolsonaro.  Márcia Hirata fez um retrospecto das ações já empreendidas e explicou como se deu a articulação com as demais entidades da cidade e da região. “Nos articulamos com vários outros movimentos que participam da Frente Fora Bolsonaro, que é nacional, mas também se organiza localmente”.

Ela lembrou da ação realizada no último 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. “Fizemos uma manifestação em frente à UPA e depois fomos para o centro. Foi a retomada das ações de rua após a pandemia, com todas as medidas possíveis de segurança sanitária”, explicou. 

Márcia avaliou como um dos atos mais bonitos e bem sucedidos aquele realizado na Igreja Nossa Senhora das Mercês, quando milhares de velas foram acessas para lembrar as vidas perdidas para a covid. “Um dos atos mais bonitos que a gente fez foi o Do luto a luta, que teve muita repercussão, foi muito bem recebido. (...) a perspectiva é que as novas intervenções tenham novos formatos, porque está se esgotando este formato de caminhada”, explicou.

Comunidade acadêmica em segurança

A presidenta reeleita lembrou que uma pauta importante que já rendeu muito desgaste à diretoria, mas que tem sido conduzida com extrema seriedade é a luta contra o retorno às aulas presenciais sem garantia de vacina para todos. Ela lembrou a pressão ocorrida, no final de 2020, para que a universidade aprovasse o retorno às aulas presenciais. 

“No final do ano, houve uma pressão muito grande nos conselhos. E logo depois houve uma piora muito grande no quadro da expansão da covid, com grande número de mortes. Se não tivéssemos feito pressão, com a publicação de charges, inclusive, teríamos enfrentado um quadro muito ruim na universidade. Fizemos ações que foram criticadas, mas tiveram êxito para nos mantermos em segurança”, avaliou. 

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