NOTA DA DIRETORIA DA ADUFSJ: PELA RETOMADA DAS ATIVIDADES NÃO OBRIGATÓRIAS EM CARÁTER REMOTO!

A posição da diretoria foi apresentada na assembleia do dia 6 e será defendida na desta segunda (13)

Os erros e acertos dos governos de todo o mundo no enfrentamento à pandemia da covid-19 mostram que não existem soluções fáceis para resolver os impasses causados pela maior crise dos nossos tempos. Por isso, a diretora da ADUFSJ – Seção Sindical tem apostado no diálogo democrático como ferramenta essencial à construção das alternativas para a UFSJ lidar com a nova conjuntura. A Seção Sindical dos Docentes foi a primeira a abrir a discussão acerca do tema na UFSJ. E o tem feito primando pelo debate franco, respeitoso e responsável com todos os atores envolvidos. 

Desde o início da pandemia, temos conversado com todas as categorias da comunidade acadêmica, com os representantes da reitoria, com colegas de outras seções sindicais e com a diretoria do ANDES - Sindicato Nacional. Além disso, propusemos, no dia 29 de maio, em reunião virtual que contou com a participação de 127 professores, a criação do Grupo de Trabalho Atividades Docentes que, após mais de 12 horas de debates, em seis encontros, construiu o documento  “Reflexões sobre os cenários possíveis para o próximo semestre – um apoio ao debate às atividades docentes durante a pandemia de covid-19”, apresentado à categoria em assembleia virtual, no último dia 13.

Este documento se fundamenta  nos princípios que vêm balizando nossas ações desde que o vírus da covid-19 chegou ao país: 1) o compromisso com a vida que, neste momento, significa, defender o SUS e a ciência, respeitando  as orientações sanitárias vigentes; 2) a defesa da democracia, com as decisões sendo compartilhadas pelos três seguimentos da comunidade acadêmica; 3) a busca permanente pela inclusão, igualdade e equidade, incluindo aí a garantia de acesso digital; 4) a garantia de acessibilidade, em atenção aos docentes, técnicos e estudantes com algum impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; 5) e, por fim, a defesa da carreira docente e da universidade pública e de sua autonomia.

Orientado por estes compromissos, o GT Atividades Docentes já excluiu, de antemão, a possibilidade de apoio à retomada das atividades presenciais neste momento em a pandemia caminha para seu pico em nossa região, apresentando os outros quatro cenários possíveis para o próximo semestre: 1) Não realizar nenhuma atividade acadêmica remota com os/as estudantes, com a consequente suspensão do ano letivo e reposição posterior; 2) Realizar atividades remotas com os/as estudantes desvinculadas das disciplinas (atividades de acolhimento, mesas de discussão, seminários etc.); 3) Realizar atividades de ensino com oferecimento de disciplinas  optativas e eletivas; 4) Oferecer as atividades curriculares regulares e obrigatórias.

Em qualquer destes cenários, nós, da diretoria da Seção Sindical, consideramos imprescindível que as atividades remotas sejam adotadas apenas e tão somente em caráter emergencial e que não sirvam àqueles que defendem a adoção da EaD como forma de retirar ainda mais direitos dos servidores públicos e concretizar o projeto mercantilista de privatização das universidades públicas. Neste contexto, somamos esforços as demais Seções Sindicais que integram o movimento Renova ANDES para exigir o compromisso do governo federal com um programa consistente de inclusão digital dos estudantes, com a preferência pela adoção por plataformas construídas pelas universidades públicas brasileiras, ao invés das disponíveis pelo mercado e com a aprovação emergencial da regulamentação das regras para o regime de trabalho remoto nas universidades, de forma que todos os servidores saibam claramente seus papéis: funções, tarefas, carga horária, direitos e deveres.

Ciente de que estas exigências demandam tempo para articulação política necessária e para o fornecimento de infraestrutura e capacitação mínimas, refutamos a proposta apresentada pela PROEN, no documento Análise de Atividades Acadêmicas Emergenciais UFSJ/Covid-19, do último dia 6 de julho. Além de reduzir os cenários possíveis, a Pró-reitoria não caracteriza exatamente que tipo de atividade remota deseja adotar e já fixa o dia 17 de agosto como data para a retomada, desconsiderando o tempo necessário para que a proposta seja debatida e melhor caracterizada nas diversas instâncias departamentais e colegiadas.

Para nós, da diretoria da Adufsj, nestes tempos de incertezas, precisamos, mais do que nunca, para além das soluções emergenciais, discutir a universidade pública, o SUS e pensar um projeto de universidade mais inclusiva, juntamente com alunos e técnicos-administrativos. Antes de definirmos prazos, precisamos ter claro que tipo de aula remota melhor servirá ao compromisso da instituição com uma educação superior pública de qualidade, além de quais esforços serão necessários para viabilizá-las. E reiteramos a defesa da nossa proposta apresentada durante a assembleia virtual do último dia 6: a retomada apenas das atividades acadêmicas não obrigatórias, que possibilita o encontro dos estudantes com a universidade, sem excluir aqueles que não puderem participar nesse momento. Portanto, uma solução intermediária que evitará a evasão dos estudantes, esperada caso o semestre seja cancelado, e, ao mesmo tempo, não aprofundará as desigualdades entre os que têm maior ou menor grau de inclusão digital. E, ainda, mitiga os riscos para os técnicos-administrativos, já que não incentiva um retorno presencial das suas atividades.

Neste momento em que a pandemia bate cada vez mais às nossas portas, nosso entendimento é que, mais do que contribuir para uma educação de qualidade, as atividades obrigatórias irão excluir e adoecer ainda mais estudantes, técnicos e docentes. E este não deve ser, em nenhuma hipótese, o papel da universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva e socialmente referenciada que sempre - e tanto - defendemos!

Diretoria da Adufsj

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